FINAL DE COLHEITA DO ALGODÃO NO PIAUÍ
Fonte: Por Eng. Agronomo Edson Nere Alves de Sousa, Coordenador de Campo da APIPA – Associação Piauiense dos Produtores de Algodão
PIAUÍ COLHE A MAIOR MÉDIA DE PRODUTIVIDADE DE ALGODÃO EM CAROÇO DAS ÚLTIMAS 10 SAFRAS
Nesta safra 2020/2021 o Piauí plantou 9.933 mil hectares de algodão no Cerrado. A semeadura de mais de 90% da área ocorreu dentro da janela considerada ideal para o Estado, entre 10 de dezembro e 10 de janeiro e, é o primeiro passo para garantir uma boa produtividade.
Colheita do Algodão e Produtividade
A colheita nesta safra teve iniciou na segunda quinzena de junho (18/06) na região de Uruçuí, seguido das regiões Coaceral e Santa Filomena. As médias dos primeiros lotes colhido surpreendeu positivamente e com 100% de área colhida, a média se aproxima de 330 @/ha. De acordo com o Informativo Técnico número 16 da Apipa, divulgado em 12 de agosto, essa média é a maior da história. Essa constatação veio da análise dos dados da CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento e dados da própria Associação (APIPA) que vem acompanhando as lavouras de algodão no Estado desde 2010. A maior média alcançada no Piauí, de acordo com dados da CONAB, foi na safra 2013/2014, chegando a 275 arrobas por hectare.
A média alcançada nesta safra corresponde a quase 5.000 kg de algodão em caroço por hectare. Desse total, 40-42% corresponde à fibra e 52-54% ao caroço de algodão, sendo o restante impurezas que também são aproveitadas. A produção total de pluma no Estado deverá chegar a 19.852,8 mil toneladas enquanto o caroço de algodão a 26.470,5 mil toneladas.
De acordo com o consultor Eleusio Curvelo Freire: “no fechamento da safra 2020/21 os produtores do Piauí conseguiram grandes avanços como: o baixo custo do controle dos bicudos, alta produtividade, alta qualidade de fibra e rentabilidade elevada; porém alguns alertas se fazem necessário, como os cuidados com o complexo Fusarium + nematoides, verificados em duas fazendas da Coaceral e Santa Filomena e foco de bicudos, que proliferou em plantas tigueras de algodão encontradas dentro de lavouras de milho, em Santa Filomena. Agora temos que preparar as áreas para a próxima safra, com o foco em mantermos ou avançarmos nas conquistas conseguidas nesta safra.”
Pragas durante a safra
O manejo do algodão durante o ciclo ocorreu normalmente, com alguns destaques como a maior presença de cochonilha branca, praga de difícil controle e que há várias safras não havia surgido nas lavouras Piauienses. Outro destaque tem sido a maior pressão de pulgão do algodoeiro (Aphis gossypii) e mosca-branca (Bemisia tabaci), pragas que juntamente com a cochonilha branca podem diminuir a qualidade da fibra do algodoeiro.
No entanto, as principais pragas do Algodão no Piauí tem sido a Spodoptera frugiperda juntamente com o Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) que a cada safra apresentam dificuldade no manejo havendo maiores riscos de perdas de produtividade e que podem elevar o custo de produção, necessitando de pessoal qualificado no campo para que os produtores venham a colher bem. De acordo com o Entomologista da Embrapa Algodão, Dr. Fábio Aquino de Albuquerque, ficou claro que o monitoramento e o controle do bicudo em bordadura foram fundamentais para o bom manejo dessa praga. Quanto as doenças, as mais importantes no Cerrado do Piauí se destacam a mancha de ramularia (Ramularia areola) e a mancha alvo (Corynespora cassiicola).
Manejo do Algodão
O manejo da cultura consiste em garantir seu ótimo desenvolvimento, evitando mato-competição, controlando as pragas e doenças de forma eficaz, controlando a altura das plantas com o uso de regulador de crescimento, além da adubação equilibrada. Todo esse manejo é feito com acompanhamento diário da lavoura por técnicos e agrônomos, avaliando a fisiologia das cultivares e realizando o monitoramento integrado de pragas – MIP, que indica aos produtores o melhor momento para realização das aplicações necessárias – herbicida, inseticida, fungicida, regulador de crescimento, adubação foliar, desfolhantes, entre outros. Nesta safra os produtores fizeram um manejo acertado e foram beneficiados com um clima favorável, embora o corte das chuvas tenha acontecido ainda no final de abril. Dr. Fábio Aquino de Albuquerque destaca a importância do bom manejo pós colheita (destruição dos restos culturais) como estratégia para convivência tranquila com bicudo e outras pragas.
Cultivares utilizadas
Ainda de acordo com o Informativo Técnico número 16 da Apipa, no que se refere as cultivares de algodão plantadas nesta safra, as que produziram mais foram a DP 555 BGRR e FM 985 GLTP. Essa última pode se considerar com melhor estabilidade, pois está presente em todas as regiões do Estado e tem entregado ótima produção, inclusive desde a safra anterior. As cultivares TMG 44 B2RF RX e DP 1746 B2RF também tiveram produtividade satisfatória. As cultivares mais buscadas pelos produtores para serem plantadas são principalmente aquelas com as seguintes características: estabilidade na produtividade, bom rendimento de fibra, tecnologia embarcada – tolerância a herbicida e a insetos-pragas e qualidade de fibra.
Perspectivas para safra 2021/2022
Com os bons resultados desta safra e os preços da pluma no mercado externo estarem satisfatórios, a área de plantio do algodão para a próxima safra tem perspectivas de aumentar em quase 40% em relação à safra 2020/2021.