
Treinamento contou com palestras e visitas técnicas em fazendas da região de Santa Filomena. Na foto, fazenda Canel.
A equipe técnica da APIPA (Associação Piauiense dos Produtores de Algodão) realizou, entre os dias 27 de fevereiro e 4 de março, uma rodada técnica pelas fazendas produtoras e um treinamento sobre a cultura do algodão com técnicos e agrônomos das fazendas da região de Santa Filomena. Para reforçar o time, dois grandes especialistas: Dr. Eleusio Freire, da Cotton Consultoria, da Paraíba; e Dr. Fábio Aquino, entomologista da Embrapa Algodão do Ceará.
Nesta safra 2019/2020, a área plantada de algodão no Piauí chegou a pouco mais de 17000 mil hectares. Com os atrasos nos plantios, por conta dos veranicos em quase todas as regiões produtoras, apenas 7% das áreas de algodão do Estado tiveram emergência em dezembro e, a outra grande parte somente em janeiro. O período recomendado para plantio do algodão vai de 10 de dezembro a 10 de janeiro, ou seja, nesta safra, mais de 70% da emergência do algodão atrasou um mês em relação a anos normais. Com isso, chuvas em abril e início de maio serão importantes para uma boa produtividade.
Durante as atividades da rodada técnica, foram realizadas visitas em várias fazendas, avaliando as áreas de algodão e discutindo os mais variados assuntos referentes à cultura do algodão e controle de pragas e doenças. De acordo com avaliação das consultorias, os plantios estão com stand’s (quantidades de plantas por metro linear) melhores e mais uniformes do que na safra anterior, mas a expectativa é de que chova bem nos meses de abril e maio para que haja uma boa produtividade.
Quanto às pragas e doenças, a avaliação é de que o controle está dentro da normalidade para a fase da cultura, embora seja necessário controle efetivo da doença Ramulária, causada pelo fungo Ramularia areola, um dos principais problemas para apodrecimento de maçãs, junto com ataque de lagartas, que em situações de precipitações no final do ciclo provocam baixa produtividade final. Em relação ao Bicudo-do-algodoeiro, houve detecção em pelo menos um lote durante as visitas, o que alertou para maior atenção e melhor controle de bordaduras para evitar danos.
Havendo controle efetivo, principalmente dessas pragas-chave, incluindo a Spodoptera frugiperda, que causou muitos danos na safra 2018/2019, será possível obter boa média de produtividade, acima das 280 arrobas por hectare nessa safra 2019/2020.
Treinamento cultura do algodão
Durante a rodada técnica, foi realizada na Fazenda Nova, em Santa Filomena, um treinamento sobre a cadeia produtiva do algodão, manejo e controle de pragas e doenças. Entre os temas abordados, Dr. Eleusio Freire falou sobre “Desafios do setor algodoeiro mundial”, “Custos de produção do algodão”, “Cadeia produtiva do algodão e suas características”, “Sistema reprodutivo do algodoeiro”, “Manejo de solos”, “Doenças do algodoeiro” e “Erradicação dos restos culturais do algodoeiro”. Já o entomologista Dr. Fábio Aquino levou os temas “Fenologia do algodoeiro”, “Manejo de pragas-lagarta do cartucho e bicudo do algodoeiro”, “Controle biológico 2” e “Vazio sanitário (algodão)”.
Alertas e Recomendações
Ao final dos trabalhos, os técnicos chegaram à conclusão de que a detecção do bicudo-do-algodoeiro na safra 2018/2019 se deu apenas aos 110 DAE (Dias Após a Emergência) da cultura, e na safra atual foi possível perceber com pouco mais de 60 DAE; além da identificação em áreas de rotação e tigueras em beira de estradas. Portanto, será necessário redobrar a atenção e realizar as aplicações para controle efetivo da praga para evitar que cause prejuízos e se perpetue em grandes quantidades em safras posteriores.
Quanto à lagarta Spodoptera frugiperda, mais de 40% da área plantada é com tecnologia twinlink plus (GLTP), com bom controle dessa praga. Mas como há presença da lagarta em vários lotes de algodão com outras tecnologias, será necessário monitorar e controlar também os adultos da praga afim de evitar danos econômicos à cultura.