A safra de algodão no ciclo 2020/2021 no Piauí, mesmo com veranicos no mês de janeiro, está com ótimo desenvolvimento e apresenta até então perspectivas positivas. Por enquanto, não há surtos de pragas e doenças que não seja “normal” para o estádio da cultura do algodoeiro. Até então, a praga de mais difícil controle, o bicudo-do-algodoeiro, está presente em apenas 3,04% das áreas de plantio. Embora seja um baixo percentual, de acordo informações de especialistas, não se tem um modelo de MIP que consiga identificar a praga com precisão nos talhões, ou seja, não há certeza se apenas há presença de bicudo nesses 3,04%. De todo modo, os produtores estão atentos nesse sentido e a grande maioria (mais de 80%) estão fazendo aplicações de bordaduras a cada 5 ou 7 dias e aplicações em área total, também preventivas, em momentos chaves, de acordo expertise adquiridas pelas equipes em campo.

Aqui vale uma ressalva, aplicações preventivas significa que não há constatação da praga na lavoura, porém, a maioria dessas pulverizações são direcionadas também para outros insetos-pragas. Um bom exemplo são as aplicações para Pulgão-do-algodoeiro (Aphis gossypii), que tem incomodado bastante os produtores a cada safra, pois alguns produtos indicados para essa praga controla também o Bicudo. Ou seja, não há desperdícios no que chamamos de aplicações preventivas, na verdade há um complexo manejo das lavouras no sentido de diminuir ao máximo os danos pelas pragas e doenças sem que atinjam seu dano econômico e ao mesmo tempo controle ferrenho dos gastos com produtos (e despesas operacionais). Nesse sentido, os produtores de algodão tem evoluído cada vez mais a cada safra.

Ainda sobre as aplicações preventivas para o Bicudo-do-algodoeiro, pelo histórico de complexidade e dano agressivo dessa praga, havendo grandes prejuízos no decorrer das safras, o uso das aplicações preventivas na quantidade de até 5-7 em área total (número de aplicações sugeridas pelas consultorias) por ciclo da cultura é um número relativamente baixo, considerando que essas aplicações, pelo menos 80% farão controle de outras pragas também. Portanto, haja vista a complexidade do manejo da praga, é prudente que os produtores consigam, cada vez mais evoluir no manejo dessa praga, conseguindo manter esse número de aplicações ou menos, pois ao contrário, tem regiões com número de aplicações bem superiores, além dos danos.

No mês de março a cultura do algodão estava entre 44 e 75 DAE, conforme mostra o 12º Informativo Técnico divulgado pela APIPA que está disponível no seu site na aba “INFORMATIVOS TÉCNICOS”. Os informativos são elaborados pela equipe: Eng. Agrônomo Edson Nere Alves de Sousa – Coordenador de Campo da APIPA, Dr. Eleusio Freire – Cotton Consultoria e pelo Entomologista Dr. Fábio Aquino – Pesquisador da Embrapa Algodão com apoio dos demais profissionais da APIPA.

Cultivo do Algodoeiro no Piauí

Como pontos importantes para manejo da cultura do Algodão no Piauí, segue alguns abaixo:

 

  • Plantio do algodão em áreas descompactadas, corrigidas e bem adubadas;
  • Plantio em áreas com mais de 6 anos de uso com soja e milho;
  • Plantio dentro da janela da cultura – 10 de dezembro a 10 de janeiro;
  • Dar preferência fazer plantio direto em palhada de braquiária;
  • Usar as estratégias de MIP já bem difundidas para manejo de pragas e doenças;
  • Manejar bem a mancha de ramularia – principal doença do algodoeiro no Estado;
  • Manejar de forma preventiva a lagarta Spodoptera frugiperda;
  • Cuidados com pulgão e mosca-branca também no final do ciclo da cultura evitando fumagina – açúcar na fibra;

Fazer uma boa escolha de cultivares a plantar, avaliando bem as tecnologias para agregar ao máximo durante a condução da cultura;

No link abaixo, Dr. Eleusio Freire, consultor especialista na cultura do Algodão, explica quais as alternativas para um produtor de Soja incluir o algodão no seu sistema produtivo.

https://www.youtube.com/watch?v=6sY2Ljgd0Co

Abaixo, o Entomologista Dr. Fábio Aquino de Albuquerque, Pesquisador da Embrapa Algodão, nos passa uma visão panorâmica do MIP do Algodoeiro.

Dr. Fábio Aquino de Albuquerque

Nos últimos anos temos observado grandes evoluções no manejo integrado de pragas para os diferentes cultivos. Temos claramente que o MIP é regionalizado e envolve todos os cultivos associados, pois devido a intensidade dos cultivos, a possibilidade de multi safras no ano agrícola, novas cultivares mais produtivas, isso levou a adaptações das pragas a esses sistemas.

Pensar em MIP para o algodoeiro é pensar no MIP da soja, milho, etc. O Cerrado brasileiro é propício para intensidade dos cultivos e também para ocorrência de pragas. Essa complexidade obriga que todos olhem para o sistema produtivo com senso crítico. A adoção cada vez maior de cultivares com tecnologia Bt para o manejo de lagartas propiciou uma melhoria no manejo dessas pragas, mas ao mesmo tempo abriu janelas para que pragas potenciais se instalassem nos campos. Isso é normal, sempre que se introduz uma nova tecnologia no sistema, é necessário os ajustes para que sua eficiência não seja prejudicada e problemas secundários não se tornem mais sérios.

Antes das plantas Bt era comum aplicação de alguns grupos químicos de inseticidas que exerciam certo controle sobre algumas pragas, até mesmo sobre o bicudo. No momento que não há a necessidade de controle de lagartas desfolhadoras, por exemplo, no início do crescimento vegetativo das plantas, há possibilidade de entrada de pragas secundárias.

Temos então uma linha divisória que separa o MIP em duas fases, digamos assim. Antes e depois das plantas Bt.

Para o algodoeiro, temos as lagartas desfolhadoras, destaca-se a Alabama argillacea, que causa danos significativos em algodão convencional (sem toxina Bt), mas que não causa dano algum em plantas Bt. Da mesma forma temos a lagarta das maçãs, lagarta rosada. Porém, é possível observar que falsa medideira alterou seu status praga, lagarta do cartucho ou militar, se adaptou rapidamente às cultivares Bt e praticamente só são controladas por cultivares com tecnologia Bt Vip3A.

Resumidamente, temos grupos de pragas que podem atacar o algodoeiro e que estão inseridos no sistema produtivo local.  Abaixo listamos os grupos que podem causar danos ao algodoeiro.

Mosca branca e pulgão – Podem ocorrer durante todo o ciclo. São mais danosas no início porque causam retardamento no crescimento e promovem a fumagina e transmissão de viroses. No final do ciclo também são importantes porque podem provocar o chamado algodão doce devido a deposição de açúcares na fibra do algodão.

Alabama argillacea: Lagarta desfolhadora muito comum em algodões que não possuem tecnologia Bt. Normalmente ocorrem no início do plantio quando o algodão está na sua fase vegetativa, mas podem avançar para algodoeiros mais desenvolvidos. Podem causar redução na capacidade fotossintética das plantas pela redução da área foliar.

Spodoptera frugiperda: praga tão importante quanto o bicudo. Alimenta-se desde a emergência das plântulas até a fase reprodutiva do algodoeiro. São importantes porque migram de outras culturas como milho e soja e infestam o algodoeiro permanecendo e se multiplicando sobre ele. Seus maiores prejuízos ocorrem na fase reprodutiva do algodoeiro onde se alimentam de botões e maçãs.

Bicudo-do-algodoeiro: A praga mais importante do algodão. O período crítico inicia-se a partir da emissão dos primeiros botões florais e perdura até o momento em que a planta para de emitir estrutura reprodutiva. Normalmente, esse período vai dos 30 aos 120 dias após a emergência das plântulas.

Ramulária: principal doença do algodoeiro. Pode atacar a planta jovem ou mais adulta. Quando infesta plantas jovens pode comprometer significativamente a produção e aumentar os custos. Em altas infestações, pode provocar apodrecimento de maçãs formadas, isso quando ao algodoeiro já se encontra em fase avançada de desenvolvimento.

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